Alta de alimentos e de material escolar devem puxar inflação de janeiro
Jousi Quevedo

No primeiro resultado de janeiro, as altas mais expressivas foram de alimentação (1,92%) e educação, leitura e recreação (1,38%).

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) disparou nos primeiros dias de janeiro e pode ultrapassar a taxa de 1,20% no mês, segundo o pesquisador Paulo Picchetti, responsável pela pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV). Nas últimas quatro semanas, o indicador foi de 0,93%, contra 0,79% no fim de 2012. O resultado é o maior desde maio de 2011, quando registrou 0,96%. “Janeiro é sempre o pico. O número mensal, porém, é capaz de surpreender, já que foi pressionado por alimentação e educação. Esses itens podem flutuar de acordo com a oferta de alimentos e com o valor das mensalidades escolares”, disse.

No primeiro resultado de janeiro, as altas mais expressivas foram de alimentação (1,92%) e educação, leitura e recreação (1,38%). Podem influenciar nas projeções problemas de safra no Sul, especialmente na colheita de hortaliças e legumes, itens que subiram 4,48%. Ainda assim, o IPC-S deverá fechar 2012 em nível inferior aos dois últimos anos. Em 2010, a inflação do mês de janeiro ficou em 1,29% e o ano fechou com 6,23%. Em 2011, os resultados foram de 1,29% e 6,35%. “Neste ano, não vai ultrapassar 5,2%”, previu Picchetti.

As projeções dos analistas, divulgadas ontem pelo Banco Central, pouco se alteraram. A previsão para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), baixou levemente de 5,32% para 5,31% em 2012 — foi a sexta redução seguida. “Mesmo que volte a subir, vai ficar ainda acima do centro de meta, de 4,5%, mas inferior ao topo de 6,5%”, afirmou Eduardo Velho, economista-chefe da corretora Prosper. Segundo ele, apesar da recuperação dos preços no atacado, da pressão dos índices ao consumidor e da influência das eleições municipais, o cenário do BC deve se concretizar.

“As variações acumuladas dos Índices Gerais de Preços (IGPs) em 12 meses devem continuar recuando em janeiro e no primeiro trimestre como um todo, acompanhando o cenário do BC descrito desde agosto do ano passado”, confirmou Velho. Uma leve preocupação surge pela contradição entre o aumento do custo de vida em 2013 e a queda dos juros. “Olhando tecnicamente, não haveria espaço para a taxa básica de juros (Selic) cair e ficar em 9,5% em 2012 se a inflação em 2013 continuará alta. Mas o governo quer reduzi-la a um dígito antes da eleição.”

A inquietação é compartilhada pelos técnicos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Em caso de melhora na situação europeia e recuperação mais forte de Estados Unidos e Ásia, o governo será obrigado a retirar estímulos monetários para fugir da inflação no segundo semestre. “A menos que coloque novas e significativas restrições fiscais, é possível que o BC mude a política monetária. Esse é um dos maiores receios dos analistas quando contemplam o cenário para a economia brasileira em 2012. A conferir”, ressalta relatório.

Recorde de fusões

O total de fusões e aquisições no Brasil cresceu 12,5% em 2011, somando 817 transações, segundo pesquisa elaborada pela consultoria KPMG. O volume superou o recorde de 2010, quando foram registradas 726 operações. Os setores de tecnologia da informação e de telecomunicações e mídia foram os mais movimentados. Segundo o levantamento, 410 negócios foram domésticos, envolvendo apenas empresas controladas por capital brasileiro. Esse montante foi 23% superior aos 333 de 2010 e ficou 8% acima dos 379 computados em 2008, maior nível histórico.

Fonte: Correio Braziliense

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