Unir para garantir direitos e avanços para os comerciários
Gabriella Oliveira

Artigo do Presidente Nilton Neco.

A vitalidade e a pujança do setor do comércio não ocultam os diversos problemas e desafios dessa atividade. Sabemos que é um setor reconhecido por um alto grau de rotatividade, com grande número de trabalhadores submetidos a extensas jornadas e baixos rendimentos.

Esse é um debate antigo que voltou à tona de uma forma ameaçadora para a classe trabalhadora, pois o comércio varejista está discutindo com o governo federal formas de flexibilizar a jornada de trabalho para enfrentar a crise, só que reduzindo também os salários.  A conversa ainda está no início e a proposta vale para todo o comércio varejista do país como lojas, restaurantes, postos de combustível. Trabalhar apenas três vezes por semana, ou até menos, mas receber proporcional ao que trabalhou.

Além da redução dos salários, o mais grave nesse modelo proposto pelos patrões, é que o trabalhador tem que ficar à disposição da empresa a hora que esta bem entender.

É um equívoco pensar que, em momentos de crise, reduzir salários, deixando o trabalhador a mercê do patrão, é a alternativa para melhorar a situação.

O comércio é um setor que incorpora, desde grandes redes nacionais e internacionais, até uma imensa quantidade de micro e pequenos estabelecimentos familiares, demandando um grande número de trabalhadores, sendo o setor que mais emprega na cidade. A relevância e contribuição do setor para a economia do município de Porto Alegre pode ser vista através da expressiva força de trabalho, do consumo das famílias, do desempenho das vendas nos últimos anos.

Conforme aponta o Dieese, em 2013, 16% da força de trabalho do município era composta por comerciários, ficando atrás somente do setor de serviços (46%) e administração pública (26%).

Nós temos que lutar para que haja mais incentivo para o setor, gerando maior distribuição de renda e, consequentemente mais vendas e mais empregos. Reduzir a jornada de trabalho, de 44 para 40 horas semanais, é sim uma luta antiga do Sindec-POA juntamente com a Força Sindical, mas que tem como princípio não reduzir os salários.

Num momento de crise o trabalhador já está sendo atingido com perda de direitos, como por exemplo, a dificuldade de acesso ao seguro desemprego, medida que tem mais impacto num setor com alta rotatividade como o nosso, diminuir o poder de compra é o principal caminho para a estagnação econômica.

Flexibilizar a jornada de trabalho com redução dos salários é o início de um efeito dominó que vai gerar um caos social muito maior. Se o intuito da classe patronal é enfrentar a crise reduzindo os custos, antes de falarem em flexibilização, deveriam adotar o fim do trabalho nos domingos e feriados. Aliado a isso, o governo deveria fazer um esforço para incentivar o comércio a se desenvolver e gerar mais renda, automaticamente haverá mais empregos e as conquistas de direitos serão mais amplas para toda a categoria comerciária.

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