Palavra do Presidente
Nilton Neco

Imagine um país onde 39,7 milhões de pessoas, sem oportunidade de emprego, acharam como única alternativa o trabalho informal, sendo forçadas a abrirem mão de benefícios como salário fixo, férias remuneradas, licença maternidade e paternidade, dentre outros. Imaginou? Esse é o Brasil.

Dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) apontam que a informalidade atingiu 43% dos trabalhadores no fim de setembro. A Reforma Trabalhista, que se mostrava uma solução para a informalidade, revelou justamente o contrário apenas um ano depois de entrar em vigor, ou seja, comprovou que o caminho de flexibilização de direitos aumentou a informalidade e precarizou o trabalho, tornando a vida do brasileiro cada vez mais difícil.

Agora imagine se esse país tivesse uma liderança que apoia ações que continuam levando as relações trabalhistas por este mesmo caminho? Pois ela existe. Nesta quarta-feira o Presidente eleito, Jair Bolsonaro, em reunião com Deputados disse que as leis trabalhistas “têm de se aproximar da informalidade”. Ele voltou a falar que é muito difícil ser empresário. “Ser patrão no Brasil é um tormento”, afirmou.

Tormento é o trabalhador ter que se submeter à contratação intermitente, sem ter certeza de que o “salário” que irá receber no final do mês será suficiente para pagar suas contas. Tormento é o pai de família que se sacrifica com uma extensa jornada de trabalho e tem apenas 30 minutos de intervalo para comer o lanche trazido de casa, pois não ganha vale-refeição. Tormento é, sem ter tido alternativa, prestar trabalho autônomo tendo que pagar o transporte do próprio bolso.

Tormento, senhor presidente eleito, é o que milhares de trabalhadores enfrentam todos os dias, o que, quem vive no conforto e às custas da produtividade de seus empregados, sequer nem consegue imaginar.

É inadmissível que a saída econômica para o país seja, mais uma vez, a flexibilização que suprime cada vez mais direitos trabalhistas. O que realmente é necessário são investimentos no setor produtivo, incentivando que as empresas gerem postos de trabalho formais, o que, consequentemente, aumenta o poder de compra, movimenta o mercado, melhora a arrecadação da previdência e impostos no geral, girando a economia. A matemática é simples: sem emprego, sem estabilidade, o trabalhador não tem condições de comprar. As empresas não vendem, a produção desacelera, e obviamente os patrões não contratam.

Por isso, não aceitamos que, mais uma vez, os trabalhadores sejam sacrificados e reféns do discurso de que essa é a melhor saída. Acredite trabalhador, você não merece se submeter a uma condição indigna de trabalho. Deixe de pensar “pelo menos estou trabalhando”. Você merece mais, e nós lutamos diariamente para que isso aconteça, por isso contamos sempre com a tua união!

Nilton Neco - Presidente do Sindec-POA

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