Taxa de juros sofre novo aumento. Entenda o que isto significa
Jousi Quevedo

Selic já chega a 12,5% ao ano, implicando em custos maiores para a sociedade.

O Banco Central anunciou ontem o quinto aumento consecutivo da taxa básica de juros (Selic). O Comitê de Política Monetária (Copom) resolveu elevar a taxa, que serve de referência para o custo do dinheiro a empresas e consumidores de 12,25% para 12,5% ao ano. "Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% a.a., sem viés", informou o comunicado divulgado.

A expectativa de economistas é que haja pelo menos mais um aumento de 0,25 ponto percentual da taxa, na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 30 e 31 de agosto. Parte dos analistas não descarta outro aumento na reunião seguinte, marcada para o mês de outubro, caso haja piora nos dados sobre inflação no Brasil e melhora no cenário internacional.

Para Fiergs, o aumento na taxa significa penalização da sociedade. "A cada aumento na taxa de juros, a sociedade arca com maiores custos para investimentos, produção e consumo. A elevação acaba sendo a saída, na medida em que o governo não lança mão de maior responsabilidade no campo fiscal para auxiliar a política monetária no combate à inflação", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do RS (Fiergs), Heitor José Müller.

O presidente da Fiergs ainda destacou que a inflação pode ser contida de outras formas. "Após resultados recordes de arrecadação, cabe ao governo, por exemplo, apertar o cinto, principalmente diminuindo gastos."

Para a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), ao tentar esfriar a economia e o crescimento interno, "os diretores do Banco Central acabaram por desferir um duro golpe no bolso do cidadão comum, que terá de arcar com custos ainda maiores em financiamentos além de conviver com os juros reais mais altos do mundo".

O Presidente da Força Sindical nacional, deputado Paulo Pereira da Silva, também manifestou-se contra a decisão do Copom. "Com esta estratégia de aumentar a taxa Selic sob o argumento de que tal iniciativa mantém a estabilidade da economia, o Copom agrada o mercado financeiro – principal beneficiado por esta medida. Para nós trabalhadores, no entanto, esta política impede que o País tenha um desenvolvimento necessário para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, gerar empregos e distribuir a renda".

Confira a Nota Oficial da Força Sindical sobre o aumento da taxa de juros clicando aqui.

Entenda como a Selic influencia na economiaA taxa de juros é o instrumento utilizado pelo BC (Banco Central) para manter a inflação sob controle ou para estimular a economia. Se os juros caem muito, a população tem maior acesso ao crédito e consome mais. Este aumento da demanda pode pressionar os preços caso a indústria não esteja preparada para atender um consumo maior.

Por outro lado, se os juros sobem, a autoridade monetária inibe consumo e investimento --que ficam mais custosos--, a economia desacelera e evita-se que os preços subam --ou seja, que ocorra inflação.

Com a redução da taxa básica de juros (Selic), o BC também diminui a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública. Assim, começa a "sobrar" um pouco mais de dinheiro no mercado financeiro para viabilizar investimentos que tenham retorno maior que o pago pelo governo. Se a taxa sobe, ocorre o inverso.

É por isso que os empresários pedem corte nas taxas, para viabilizar investimentos, ainda mais em tempos de crise, como agora. Nos mercados, reduções da taxa de juros viabilizam normalmente migração de recursos da renda fixa para a Bolsa de Valores.

Quando o juro sobe, acontece o inverso. O investimento em dívida suga como um ralo o dinheiro que serviria para financiar o setor produtivo.SELIC

Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, criado em 1979 pelo Banco Central e pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitai) com o objetivo de tornar mais transparente e segura a negociação de títulos públicos.

O Selic é um sistema eletrônico que permite a atualização diária das posições das instituições financeiras, assegurando maior controle sobre as reservas bancárias. Hoje, identifica também a taxa de juros que reflete a média de remuneração dos títulos federais negociados com os bancos. A Selic é considerada a taxa básica porque é usada em operações entre bancos e, por isso, tem influência sobre os juros de toda a economia.** COPOM**O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração, que se reúne em dois dias seguidos. No primeiro dia da reunião, participam também os chefes dos seguintes: Departamento Econômico (Depec), Departamento de Operações das Reservas Internacionais (Depin), Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), além do gerente-executivo da Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin).Informações do Jornal do Comércio, Força Sindical e Folha.com

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