Porto Alegre se transforma em capital tecnológica
Régis Araújo

Porto Alegre se tornará, nos próximos meses, capital tecnológica brasileira a partir da conclusão das obras do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec).

Porto Alegre se tornará, nos próximos meses, capital tecnológica brasileira a partir da conclusão das obras do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec). "Abrigaremos a única fábrica comercial de circuitos integrados da América Latina, especializada no desenvolvimento e na produção de chips de aplicação específica", enfatiza o diretor-presidente do Ceitec, Sérgio Dias. Segundo explica ele, o empreendimento é resultante de uma parceria formada entre os governos federal, estadual e municipal, com instituições de ensino e pesquisa e também com entidades empresariais. "Tem como proposta não apenas a fabricação de chips, mas desenvolver tecnologia e propriedade intelectual", frisa.

O Ceitec fará parte de um cenário crescente, tendo um papel fundamental para o país como fomentador do desenvolvimento. "O desenvolvimento de semicondutores nacionais reduz o déficit na balança comercial e permite que possamos desenvolver tecnologia e soluções na área de microeletrônica, focadas nas necessidades do mercado brasileiro", acrescenta o diretor. Dias esclarece ainda que esta lógica inverte o fluxo atual de uso de tecnologias desenvolvidas no exterior, fazendo com que o país passe a exportar propriedade intelectual.

Os semicondutores corresponderam a 3,5 bilhões de dólares no déficit de 14,4 bilhões verificado no ano passado. E é essa a fatia de mercado que o Ceitec pretende absorver. Dias lembra que o complexo recebeu da Motorola (hoje Freescale) 150 toneladas em equipamentos. A implantação do Centro é resultante de um investimento total no valor de R$ 241,5 milhões, sendo R$ 150 milhões relativos à obra, outros R$ 77 milhões para instalação de equipamentos, R$ 7 milhões para implantação do Centro de Projetos e Equipe de Processo e ainda R$ 17,5 milhões destinados para a aquisição de equipamentos para a fábrica.

No final de 2007, o governo federal assinou a criação da empresa pública Ceitec S/A, por meio de Projeto de Lei que será encaminhado ao Congresso Nacional nos próximos meses. "A estatização garantirá à instituição o repasse de recursos via Ministério de Ciência e Tecnologia", frisa. Desta forma, estão assegurados recursos e manutenção de pessoal até que o Ceitec se torne auto-suficiente, o que deverá ocorrer num prazo de até três anos. Atualmente, o Centro vem trabalhando na prospecção de negócios e no desenvolvimento de projetos, incluindo chips para rastreabilidade bovina, com tecnologia RFID, modulador e demodulador para TV Digital, e o chip de WiMAX - tecnologia usada para comunicação sem fio em banda larga, atendendo a uma demanda do Ministério das Comunicações.

A microeletrônica é apontada pelo governo como um setor estratégico para o país, por conta da interface com os demais setores da atividade econômica. "Trata-se de um setor que moderniza e agrega valor às cadeias produtivas", esclarece. Além de estar capacitado a realizar todo o processo de desenvolvimento de chips, o Ceitec igualmente formará recursos humanos. O objetivo é transformar o Brasil em exportador de propriedade intelectual e não apenas de mão-de-obra.


Fonte: Correio do Povo

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