O momento é de luta para conquistar aumento real
Renata Germano

Recuperação do salário.

O momento nunca esteve tão propício para as categorias que estão em campanha salarial arrancarem excelentes índices de aumento real de salário. Segundo o Dieese, o movimento sindical deve ir à luta para recuperar o poder de compra dos salários em razão das previsões de uma evolução do PIB em torno de 7,5%.

Para o instituto, o processo de crescimento da massa salarial em curso no Brasil é positivo não só para os trabalhadores — mas também para a economia nacional.

Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, o economista da instituição, Sérgio Mendonça, afirmou ver “um ciclo virtuoso no aumento da massa salarial. Há um chororô de alguns setores, devido ao aumento no custo da mão de obra, mas isso é normal”.

Os ataques

Na visão do secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, os trabalhadores não devem levar em conta as críticas do Banco Central e da Fiesp, segundo as quais os aumentos reais de salário tendem a aumentar a inflação no país.

“O objetivo é provocar medo entre os trabalhadores e prejudicar a mobilização das categorias que estão em campanha salarial, muitas delas dispostas a entrar em greve por aumento real de salário”, avalia Juruna.

Massa salarial é baixa

Os patrões estão falando que os reajustes estão exagerados em comparação com o resto do mundo. Citando dados do Dieese, o presidente da Força-RS, Cláudio Guimarães da Silva, o Janta, rebateu as afirmações dos empresários ao destacar que a massa salarial nos países desenvolvidos varia de 60% a 70% do PIB, enquanto no Brasil, gira em torno de 40%.

Além disso, a renda média dos trabalhadores de São Paulo é mais baixa que a verificada 10 anos atrás. Em julho, o rendimento real dos trabalhadores chegou a R$ 1.353, valor 16% inferior aos R$ 1.604 registrados em julho de 2000.

Irresponsabilidade

“Portanto, é uma irresponsabilidade patronal afirmar que está ocorrendo excessos salariais nos acordos coletivos”, conclui o presidente da Central-MT, Manoel de Souza.

Presidente da Força Sindical-AP, Maria de Fátima Coelho, ratificou que o aumento salarial é bom para toda a sociedade porque impulsiona o consumo, provoca aumento da produção, induz os investimentos produtivos e gera emprego, renda e riqueza.

Greves e manifestações

A Força Sindical conclama seus filiados e os trabalhadores a lutarem para realizar uma boa campanha salarial. Caso necessário, devem realizar manifestações e greves para alcançar seus objetivos: melhorar a renda do trabalho e aumentar os benefícios da convenção coletiva.

Os acordos coletivos do primeiro semestre deste ano já foram muito bons, conforme levantamento do Dieese. Cerca de  97% das 290 negociações salariais conquistaram reajustes salariais iguais ou acima da inflação medida pelo INPC, acumulada desde o último reajuste.

Trata-se de um desempenho melhor que o obtido pelas mesmas 290 unidades de negociação nos anos de 2008 e 2009, quando o percentual de negociações com reajustes iguais ou superiores ao índice foi, respectivamente, 87% e 93%, segundo o estudo.

Crescimento econômico

“É importante destacar que o aumento da renda, proporcionado pelas vitoriosas campanhas salariais deflagradas pelos sindicatos, impulsiona o crescimento da economia, gera empregos e a produção”, analisa a presidente do Sindicato das Costureiras de São Paulo, Eunice Cabral.

“A Força Sindical e as entidades sindicais filiadas precisam  continuar e intensificar a mobilização das categorias em campanha salarial por mais salários e ampliação de direitos”, insiste Albegemar Costa, o Gima, presidente da Força-AL.

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